Palavras que cabem na concha da mão

Banjo do meu pai / Foto JR

Já começo a esquecer os anos da guerrilha jornalística, temperada no vício das palavras coladas e cortadas de telegramas e comunicados velhos, e a sentir-me de regresso às palavras mais simples e pequeninas que cabem na concha da mão. À permanente e sentida necessidade de erguer  um muro entre a lucidez e a loucura lúcida sucede a urgência em destruir esse mesmo muro cuja existência nunca foi realmente provada como sendo útil. Quero voltar aos textos tempestuosos que crescem com palavras que cheiram bem, que sabem bem, que soam bem. Agora, leio mais poesia e gosto de parar na minúcia e na sonoridade das palavras com que os poetas nos desvendam imensos sentimentos tantas vezes por identificar.